domingo, 20 de fevereiro de 2011


Ela caminhava na rua ensolarada ao fim da tarde, distraída e cantarolando baixinho a música que os fones derramavam em seus ouvidos. Cheia de sombras e sussurros, porém com o pensamento completamente em branco. Esgotada. Lançou um olhar quase ridículo para o outro lado da rua, e então, o viu. Poderia passar adiante em silêncio, jamais voltando à entrega mesma de antes, mas como? se ele a notara e sorria...? Uma pausa de espera estabeleceu-se incômoda entre os lados opostos da rua, ambos com os passos suspensos no tempo, esperando que algo acontecesse. Ele ainda era o mesmo, aquele brilho escorregando do olhar que desfilava ao encontro dela, convidativo e gentil. O sorriso bobo cerceando qualquer resistência. Ela tinha os gestos incompletos mas decididos,quando deu por si, já estava na calçada oposta indo ao encontro dele. Sempre ela...! Seria essa iniciativa coragem ou fraqueza? Encararam-se tensos, tardios e inúteis. Foi quando ele ofereceu um abraço. Aquele abraço que tantas vezes acolhera suas dúvidas e tristezas. Os olhos castanhos olhavam-na com tanta devoção que era impossível não ceder. Entregue, ela fechou os olhos e afundou os dedos nos cabelos dele... O coração borbulhando aquele sentir trêmulo e asfixiante. Confuso e indissolúvel. Bem que tentaram, mas, quem disse que haveria uma poção mágica de esquecimento?

"Somos capazes sim de esquecer algo que muito nos marcou, mas isso apenas quando acontece outra coisa que marque-nos mais."

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