Nós não somos mais os mesmos. O tempo passou, as coisas
mudaram e nós mudamos junto a elas. Crescemos. Amadurecemos. Ou talvez apenas
aprendemos com a vida. Aprendemos que certas coisas devem ser deixadas para
trás, que certas coisas perdem o sentido com o tempo. Mas crescer dói em certos
pontos. Dói ter que deixar no passado coisas tão boas, que você não tinha
chegado a pensar que precisaria deixá-las um dia. Às vezes eu ainda me olho
como uma criança. É como se fosse difícil me olhar no espelho e conseguir me
ver como devo ser visto. Assumir as responsabilidades que a vida nos acrescenta
com o tempo. Amadurecer é tão bom, mas ao mesmo tempo tão ruim. Faz tão bem mas
ao mesmo tempo tão mal. A gente perde a inocência e muitas coisas no mundo
acabam perdendo a graça. E não por escolha nossa, mas por necessidade da vida.
A gente não para um segundo de mudar, assim como não paramos um segundo de olhar
para o passado e sentir falta de tudo. O modo mágico como víamos o mundo às
vezes faz falta. Olhar para o futuro e conseguir enxergar um pouco do que a
vida nos reserva machuca. Mas a vida não nos dá escolhas para certas coisas. A
gente assiste a aquele filme velho que gostávamos tanto, e quando paramos pra
pensar, a imagem das pessoas refletida neles não é mais a mesma. E é aí que a
gente se dá conta. A gente olha para o lado e nota as diferenças nos outros, e
é aí que a gente percebe que aconteceu o mesmo conosco. Analisamos nossas
atitudes e percebemos o quanto nossa mente mudou. Mas não importa o quanto eu
cresça, sempre vai haver um pouco do meu eu anterior aqui dentro de mim. Não
importa o quanto os outros cresçam, sempre vai haver aquele momento em que eu
olharei para eles e me lembrarei de como eram antes.
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