sábado, 23 de junho de 2012
Porque
as distâncias eram grandes, escreviam-se cartas. Porque era preciso esperar as
cartas, havia tempo. Porque havia tempo, falava-se de amor. Porque falava-se de
amor, escreviam-se mais cartas.E porque era preciso fazer as cartas chegarem
mais rápido, construíam-se estradas. Estradas que nos levaram mais rápido ao
futuro: encurtaram-se as distâncias.E porque encurtaram-se as distâncias,
aumentou o trabalho. E porque o trabalho aumentou, escasseou o tempo. E pela
escassez de tempo, cessaram as cartas. E pela falta das cartas, recesso para o
amor.Porque o amor entrou em recesso, o avanço. E porque veio o avanço,
criou-se a tal rede. E porque a rede se criou, encurtaram-se as distâncias. Até
mesmo entre os amores. Até mesmo entre os tempos.E no mundo contido dentro da
rede, nasceram de novo as cartas. Agora instantâneas. Que, como aviõezinhos de
papel, eram lançadas incessantemente de uma ponta a outra do mapa. Palavras,
dores, saudades e sons percorriam num susto longas distâncias, para chegar aos
ouvidos da outra ponta do mapa…
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